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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Diploma não garante salário alto

Com a disseminação da informação, os paradigmas do emprego começam a se quebrar. Não ter diploma superior, por exemplo, está deixando de ser sinônimo de desemprego ou até subemprego. Por outro lado, o cenário de vantagens garantidas que se atrelava aos graduados esbarra em alguns fatores determinantes, como o salário. É o que aponta a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir da qual foi possível concluir que, enquanto a média de ganhos mensais no País cresceu 19% entre 2003 e 2010, os profissionais com nível de educação superior, que não ocupam cargos de liderança, não tiveram valorização salarial, cujo aumento ficou em apenas 0,3%.
Com uma diferença de pouco mais que R$ 13 em oito anos, o salário médio dos que fizeram graduação ficou em R$ 3.629,60, no ano passado. Mas, entre a população ocupada de forma geral, houve acréscimo de quase R$ 240, somando um total médio de R$1.490,61 em 2010, descontada a inflação do período.
A explicação estaria na popularização das universidades, provocada pela maior oferta de cursos em redes privadas e programas governamentais, como o ProUni, que provoca excesso de pessoas formadas em algumas carreiras, como Direito e Administração, em detrimento de outras, como Engenharia. Em contrapartida, as empresas estão sentindo as consequências da falta de mão de obra para funções que não exigem diploma. “Há mais formações parecidas. Os profissionais estão ficando com conhecimentos similares, mas o mercado precisa de diferença”, diz o especialista em liderança e desenvolvimento humano, Alexandre Prates.
É essa junção de elementos que tem causado o crescimento dos cursos de nível técnico, conforme esclarece o coordenador técnico de cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), professor Celestino Lima. “O grau de técnico é o diferencial no mercado hoje. Prova disso é que, no nosso curso de Manutenção de Aeronaves, uma grande parte dos alunos já tem graduação, trabalha há 10, 15 anos, mas procura no conhecimento técnico a valorização salarial”, observa. Dois anos são suficientes para que o aluno especialize-se em uma habilitação e saia com salário inicial de até R$ 1,8 mil, porém, àqueles que cursarem os quatro anos necessários para aprender as três habilitações, os empregadores pagam até R$ 5 mil para iniciantes. “E a rotatividade é muito grande porque eles são disputadíssimos. Alguns acumulam funções em três ou quatro empresas diferentes”, frisa o docente.

Salário
Procurando aumento de renda, a fotógrafa Diankelly Tavares de Souza, 27, quis expandir sua profissão fazendo um curso técnico na área. “Eu tinha medo de fotografar e, durante as aulas técnicas, compreendi as ferramentas certas para trabalhar”, conta. Com a conclusão, ela parou de trabalhar em outras áreas pela grande demanda dos serviços. “Hoje, não paro mais em casa. O mercardo está aquecido”.
Insatisfeita com a rotina e a renda de empregada doméstica, Ieda Queiroz Montez, 40, resolveu apostar no seu sonho e há quatros anos é técnica em enfermagem. Para ela, uma das vantagens primeiras desse tipo de formação é a duração dos cursos – no caso dela, de um ano e oito meses. “Já tinha a idade mais avançada e não poderia fazer cinco anos de Enfermagem”. Além disso, para ela, a diferença nos salários e irrisória, considerando as responsabilidades, carga horária e o tempo do curso. “Uma enfermeira chefe, que tem que trabalhar todos os dias, ganha cerca de R$ 1,3 mil por mês, enquanto eu, que folgo um dia sim, um dia não, recebo R$ 700”. Destaca-se também a oferta de vagas para técnicos que é maior que a dos graduados. “No hospital público, são sete técnicas para cada enfermeira e, onde trabalho, no setor privado, chega a 20 para um”, reforça Ieda.

Fonte: Diário da manhã, Gabriela Guerreiro

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